Sunday, September 23, 2007

William Shakespeare

"(...)-"Esperas por ela? Não quero ser a pessoa com quem estás enquanto esperas por ela."
-"Já te disse, não o és. Essa espera está lá trás, no passado."
-"Por vezes tenho a sensação que esperas por ela."
Num movimento rápido que me assusta, com suas mãos quentes agarra a minha cara, deixando-a emoldurada por elas. E num instante põe o meu olhar a penetrar o seu, e diz:
-"Eu não espero por ela, já não. Foi em tempos que o fiz, num passado. Passado esse que me deixou uma marca profunda. Não só ela, mas tudo o que me submergia. Mas agora já não! É como se estivesse constantemente num mar de correntes fortes. Eu nado para a costa, e quando sinto a areia sob os meus pés uma corrente puxa-me de volta ao alto mar. Tantas vezes tentei chegar à costa. Mas estou sempre em alto mar! E por vezes deixo-me a boiar, porque sei que quando estou quase a chegar a corrente me puxa. Mas sabes o que vejo na areia seca? Vejo-te a ti. Hei-de lá chegar, acredita. Há-de haver um dia em que a lua acalma o mar e eu finalmente vou conseguir dele sair.
Sim, esperei por ela em dias. Mas és tu que esperas por mim, e é para ti que vou, porque esqueço o passado, quero!! Meu amor, tu és o futuro. Esquece comigo esse passado podre, não mo faças recordar."
-"Espero por ti na areia seca. Que o sol queime a minha pele, que tempestades me encharquem o corpo, não me deixarás de ver. Amo-te, acho que o sinto. E sabendo que maldita foi a hora em que deixei que escorresses para dentro de mim, não me arrependo. Fazes-me feliz."
-"E feliz serei com teu amor um dia, e dar-te-ei o meu de volta, quando à costa chegar meu amor."(...)"

No comments: