O metro. Um dia em que não se paga bilhete, Tratado de Lisboa. Para ela um dia como os outros.
O frio é digno de manter as golas do casaco para cima e as mãos nos bolsos enquanto espera, em pé perto do banco ocupado por um bando de miúdos e miúdas de liceu, muito provavelmente do Maria Amália.
Concentrada no chão, e alheia, até ao momento, à conversa do lado.
- “Aquele que faz o Control, sabes?…”
- “Sam Riley” interveio ela.
- “Desculpa!?” diz a miúda com ar de “quem és tu?”.
- “Sam Riley. O actor que faz de Ian Curtis no Control é o Sam Riley.”
Um silêncio acompanhado por olhos fixos nela, que já se concentra no chão outra vez. A conversa continua. E sentindo-se observada volta a olhar para o banco. O miúdo sentado na ponta continua a olha-la. Ela olha de volta. Ele sorri, ela responde, ele pisca-lhe o olho. Um sinal toca “Destino Baixa-Chiado”.
Ela aproxima-se da linha, o metro vai chegando. Um toque no braço.
- “Olá… Diogo” e estende-lhe a mão.
- “Sofia”
- “Gostas de Joy Division, deu ‘pra ver”
- “Gosto mais de cinema”
As portas abrem. Ela entra e encosta-se, não se senta.
- “Mas gostei da tua resposta”
- “Pede desculpa à tua amiga, não foi por mal”
- “E gostaste do filme?”
- “Muito, porque também já gostava da banda”
- “Mas gostas mais de cinema…”
Ela ri.
- “Eu conheço a tua cara” diz ele
- “Acabaste de estragar o pequeno momento”
Ele ri. – “Mas é verdade. Não andas na E.P.C.I.?”
A coincidência.
- “Andei, mas não te lembrarias de mim, já passaram uns anos”
- “Eu vi-te lá, há pouco tempo”
- “Boa memória! Tens razão, fui lá”
- “Vi-te passar, pelos vistos fixei a tua cara. Também não seria de estranhar…”
- “Não estragues segunda vez o momento”
Ele ri. – “ Costumas lá ir muitas vezes?”
- “Estás com azar. Nunca lá vou, fui só tratar de um assunto para não ter de voltar”
As portas abrem. Um berro.
- “Diogo! ‘Bora!”
- “Sofia, gostei. Talvez eu não tenha tanto azar assim.”
- “Adeus”
- “Até uma próxima” sorri e pisca-lhe o olho.
As portas fecham e eles olham um para o outro, uma última vez.
O frio é digno de manter as golas do casaco para cima e as mãos nos bolsos enquanto espera, em pé perto do banco ocupado por um bando de miúdos e miúdas de liceu, muito provavelmente do Maria Amália.
Concentrada no chão, e alheia, até ao momento, à conversa do lado.
- “Aquele que faz o Control, sabes?…”
- “Sam Riley” interveio ela.
- “Desculpa!?” diz a miúda com ar de “quem és tu?”.
- “Sam Riley. O actor que faz de Ian Curtis no Control é o Sam Riley.”
Um silêncio acompanhado por olhos fixos nela, que já se concentra no chão outra vez. A conversa continua. E sentindo-se observada volta a olhar para o banco. O miúdo sentado na ponta continua a olha-la. Ela olha de volta. Ele sorri, ela responde, ele pisca-lhe o olho. Um sinal toca “Destino Baixa-Chiado”.
Ela aproxima-se da linha, o metro vai chegando. Um toque no braço.
- “Olá… Diogo” e estende-lhe a mão.
- “Sofia”
- “Gostas de Joy Division, deu ‘pra ver”
- “Gosto mais de cinema”
As portas abrem. Ela entra e encosta-se, não se senta.
- “Mas gostei da tua resposta”
- “Pede desculpa à tua amiga, não foi por mal”
- “E gostaste do filme?”
- “Muito, porque também já gostava da banda”
- “Mas gostas mais de cinema…”
Ela ri.
- “Eu conheço a tua cara” diz ele
- “Acabaste de estragar o pequeno momento”
Ele ri. – “Mas é verdade. Não andas na E.P.C.I.?”
A coincidência.
- “Andei, mas não te lembrarias de mim, já passaram uns anos”
- “Eu vi-te lá, há pouco tempo”
- “Boa memória! Tens razão, fui lá”
- “Vi-te passar, pelos vistos fixei a tua cara. Também não seria de estranhar…”
- “Não estragues segunda vez o momento”
Ele ri. – “ Costumas lá ir muitas vezes?”
- “Estás com azar. Nunca lá vou, fui só tratar de um assunto para não ter de voltar”
As portas abrem. Um berro.
- “Diogo! ‘Bora!”
- “Sofia, gostei. Talvez eu não tenha tanto azar assim.”
- “Adeus”
- “Até uma próxima” sorri e pisca-lhe o olho.
As portas fecham e eles olham um para o outro, uma última vez.
1 comment:
fez-me sorrir.
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