Sunday, October 28, 2007

Não sei... mas voltei.

Aqui outra vez, mas outro tempo, outra hora. O carro, a conversa, o rádio ligado, um cigarro fumado. Lembranças do passado, memórias do futuro. As palavras trocadas, o toque de uma mão, os olhares cruzados que não sabem esconder o desejo. O querer gostar, querer estar apaixonado mais uma vez, porque já se esteve e não se esteve. As vozes que contam as dores do que passou, que mostram as feridas cicatrizadas de uma história que nunca acabou. E continua. E queremos que continue, queremos que assim seja, queremos saber o que vem a seguir, o que pode vir, os sonhos que ficaram. Conversas, olhares, as músicas lembradas e que fazem lembrar vão formando a banda sonora deste filme. “Esta música faz-me lembrar de ti, esta parte: ‘…Yes you can hold my hand if you want to / 'Cause I want to hold yours too…’ não sei porquê, mas faz…”. O tempo correu por nós, deixou-se passar, e crescemos juntos nele, longe um do outro, e deixámos de ser crianças com medos escondidos, agora somos adultos, e voltámos aqui. Outra vez estamos aqui, e num esticar de braço deixa pousar os dedos na minha cara. Essas mãos que deixaram de ter dedos ruídos. As gargalhadas ouvem-se no meio das frases. Não há desconforto, apenas a ideia que ele existe é perguntada entre nós, só para ter a certeza. Porque o tempo que passou foi longo, tempos de silêncio, de ciúmes, de discussões, de desilusões. Mas alguma coisa é mais forte que nós, porque ficou sempre esse inexplicável sentimento que não se deixa saber o que é, não se forma em palavras, e apenas se pode dizer: “Não sei.”. Mas desta vez é um “não sei” certo, um “não sei” presente, calmo, sincero. E gosto que estejas aqui comigo outra vez. Gosto. Apesar de tudo, sempre quisemos voltar aqui. Secretamente sempre dissemos em palavras não ditas um ao outro que queríamos voltar aqui. E não vou falar no destino, não o encaixo neste espaço. Para trás ficaram histórias bonitas, especiais, fortes. Nomes que nunca serão esquecidos. Mas curiosos um com o outro, voltamos aqui. Sempre soubemos que voltaríamos.

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